António de Medeiros e Almeida foi um dos homens de negócios portugueses mais bem sucedidos do século XX, para além de um dos maiores mecenas de arte que Portugal já conheceu, sendo superado apenas por Calouste Gulbenkian (que não era português).
Inicia-se enfim no mundo dos negócios e torna-se rapidamente num dos homens mais ricos de Portugal, cabendo-lhe a administração de 21 empresas. Logo em 1924 torna-se representante exclusivo em Portugal dos automóveis Morris, MG, Wolseley e Riley, o que lhe permitiu partir em núpcias ao volante de um carro de corrida. Tinha nascido a Empresa A.M. de Almeida. Os exclusivos carros particulares de António estão actualmente no Museu do Caramulo.
Nos anos 40, associa-se aos Açorianos, forma a Casa Bensaúde e adquire a Aero Portuguesa, administra a SATA e participa na criação da TAP. O célebre avião da cena final do filme "Casablanca" pertencia-lhe. A construção do Hotel Ritz também beneficia do seu contributo.
A sua veia coleccionadora vem a manifestar-se ao longo dos anos, na aquisição em 1943 de uma casa que pertencera à Nunciatura Apostólica e sua subsequente ampliação, adaptação e decoração.
Nesta casa veio a instalar-se a Fundação que criou em 1973 e à qual doou todos os seus bens, incluindo objectos de arte, antiguidades, porcelanas e cristais, tapeçarias, mobiliário de estilo, prataria, relojoaria, telas de Brueghel, Rembrandt, Mabuse, Rubens, Veloso Salgado e Boucher, caixas de rapé pertencentes a czares russos, jóias incrivelmente valiosas e até um relógio que pertenceu à imperatriz Sissi, da Áustria-Hungria.
Em 1978, perante o risco de confisco do seu projecto, escreveria: "...Algumas destas antiguidades foram adquiridas com certa dificuldade, umas vezes por os seus donos não quererem desfazer-se delas, outras por os seus preços estarem fora do meu alcance. Casos houve em que, para as adquirir, tive de esperar anos; e outros em que, para as observar e discutir a compra, fui obrigado a deslocar-me por esse mundo fora. Mas o facto é que cada uma dessas peças, reunidas ao longo de 50 anos, faz hoje parte do meu ser e reflete o meu gosto. Por isso, sinto-me chocado quando alguém me sugere a venda de uma ou mais peças para resolver a minha actual situação financeira, que é difícil, visto ter entregue à Fundação que criei, todos os meus haveres e do pouco que me resta, parte estar nacionalizada ou comprometida para integrar a Fundação.
Na eventualidade de aumentarem essas dificuldades financeiras, preferirei, se a tanto as circunstâncias me levarem, recorrer à mendicidade, em vez de me desfazer de qualquer uma das peças que com tanto carinho e amor coleccionei para as deixar ao meu país.
É possível que, por isso, me apelidem de tolo. Serão diferenças de sensibilidade."
António de Medeiros e Almeida morreu em Fevereiro de 1986, com 90 anos.
1924
Nasceu em 1895 no seio de uma prestigiada família de origem açoriana.Em 1920, desistiu de um Curso de Medicina quase completo e partiu à aventura para a Alemanha. Regressando 4 anos depois, casou com a neta do 8.º Conde de Pombeiro, da família dos donos da Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre.Inicia-se enfim no mundo dos negócios e torna-se rapidamente num dos homens mais ricos de Portugal, cabendo-lhe a administração de 21 empresas. Logo em 1924 torna-se representante exclusivo em Portugal dos automóveis Morris, MG, Wolseley e Riley, o que lhe permitiu partir em núpcias ao volante de um carro de corrida. Tinha nascido a Empresa A.M. de Almeida. Os exclusivos carros particulares de António estão actualmente no Museu do Caramulo.
Nos anos 40, associa-se aos Açorianos, forma a Casa Bensaúde e adquire a Aero Portuguesa, administra a SATA e participa na criação da TAP. O célebre avião da cena final do filme "Casablanca" pertencia-lhe. A construção do Hotel Ritz também beneficia do seu contributo.
A sua veia coleccionadora vem a manifestar-se ao longo dos anos, na aquisição em 1943 de uma casa que pertencera à Nunciatura Apostólica e sua subsequente ampliação, adaptação e decoração.
Nesta casa veio a instalar-se a Fundação que criou em 1973 e à qual doou todos os seus bens, incluindo objectos de arte, antiguidades, porcelanas e cristais, tapeçarias, mobiliário de estilo, prataria, relojoaria, telas de Brueghel, Rembrandt, Mabuse, Rubens, Veloso Salgado e Boucher, caixas de rapé pertencentes a czares russos, jóias incrivelmente valiosas e até um relógio que pertenceu à imperatriz Sissi, da Áustria-Hungria.
Em 1978, perante o risco de confisco do seu projecto, escreveria: "...Algumas destas antiguidades foram adquiridas com certa dificuldade, umas vezes por os seus donos não quererem desfazer-se delas, outras por os seus preços estarem fora do meu alcance. Casos houve em que, para as adquirir, tive de esperar anos; e outros em que, para as observar e discutir a compra, fui obrigado a deslocar-me por esse mundo fora. Mas o facto é que cada uma dessas peças, reunidas ao longo de 50 anos, faz hoje parte do meu ser e reflete o meu gosto. Por isso, sinto-me chocado quando alguém me sugere a venda de uma ou mais peças para resolver a minha actual situação financeira, que é difícil, visto ter entregue à Fundação que criei, todos os meus haveres e do pouco que me resta, parte estar nacionalizada ou comprometida para integrar a Fundação.
Na eventualidade de aumentarem essas dificuldades financeiras, preferirei, se a tanto as circunstâncias me levarem, recorrer à mendicidade, em vez de me desfazer de qualquer uma das peças que com tanto carinho e amor coleccionei para as deixar ao meu país.
É possível que, por isso, me apelidem de tolo. Serão diferenças de sensibilidade."
1979
António de Medeiros e Almeida morreu em Fevereiro de 1986, com 90 anos.
Átrio da ala nova
Galeria Nova
Sala do Piano
Sala Luis XIV
Quarto (ala nova)
Escritório
Escadaria principal da ala antiga
Apartamentos privados
Salão
(Narciso e os seus narcisismos...)
Sala de jantar
Sala do Lago
Sala das Porcelanas
Sala dos Relógios
o relógio que pertenceu à Imperatriz Sissi da Áustria
"Capela" na Ala Nova
2 comments:
Magnificas fotografias que mostram de uma maneira simples o que é uma colecção muito completa. Parabéns ao Mário por vos ter proporcionado este espectáculo difícil de esquecer
Um grande abraço
Rui Ponte e Sousa
Muito obrigado pelas simpáticas palavras, caro Rui.
Um forte abraço.
M.M.
Post a Comment