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6.2.14

Santo António não é o padroeiro de Lisboa

A Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora (ou Paço Patriarcal de São Vicente ou Igreja Paroquial de São Vicente de Fora ou Igreja de São Vicente, São Tomé e Salvador) é um excelente exemplo da arquitectura religiosa maneirista e barroca.



O Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho está organizado no espaço à volta de dois claustros, desenvolvendo-se em três andares que constituíam as dependências conventuais: refeitórios, cozinhas, casa do capítulo, capelas, dormitórios, etc.
Apesar das suas grandes proporções respeita uma gramática maneirista de simplicidade, simetria e equilíbrio, sendo considerado um dos conjuntos arquitectónicos mais importantes e monumentais de Lisboa.


O Convento tem um portal principal que anuncia o barroco de forma exuberante, em sintonia com a qualidade dos mármores e azulejaria utilizados na decoração do seu interior. A pintura do tecto da Portaria pelo florentino Vincenzo Baccarelli, introdutor em Portugal da técnica apelidada "trompe l'oeil", é uma das poucas que sobreviveram ao terramoto de 1755.


A história de São Vicente de Fora é tão antiga quanto a Nacionalidade:
  • 1147 - fundação por D. Afonso Henriques do convento de São Vicente, entregue aos cónegos de Santo Agostinho.
  • 1552 - o convento contava 60 frades e 10 criados e dispunha de uma renda de 3000 cruzados.
  • 1569 - D. Sebastião ordena a fundação da igreja de São Sebastião no sítio da Mouraria, como voto de graças por ter salvo Lisboa da peste. O templo não é concluído.
  • 1582 - As pedras da Igreja de São Sebastião da Mouraria são aproveitadas na construção de São Vicente de Fora, edificada segundo projeto de Filippo Terzi e executado por Leonardo Torriano, Baltazar Alvares, Pedro Nunes Tinoco e João Nunes Tinoco.
  • 1629 - celebrada na igreja a primeira missa.
  • 1710 - pintura mural do tecto da portaria pelo italiano Vincenzo Baccarelli.
  • 1720 - João Frederico Ludovice é nomeado mestre-de-obras do Mosteiro, por D. João V.
  • 1755 - o terramoto causou vários danos, designadamente a destruição do zimbório.
  • 1759 - o padroeiro do Mosteiro é o rei.
  • 1834 - na sequência da expulsão das ordens religiosas, a zona conventual é transformada em paço episcopal.
  • 1855 - instalação do Panteão da Casa de Bragança no antigo refeitório dos monges, por ordem de D. Fernando II.
  • 1895 - reconstrução do zimbório, destruído em 1755.
  • 1952 - adaptação da antiga sala do Capítulo a Panteão dos Patriarcas.
  • 1995 - projecto de arquitectura paisagista do pátio de entrada (das Laranjeiras) e posterior execução.

Mas as imagens falam melhor que as palavras:

Santiago

São Bruno e São Norberto
São Vicente, Santo Agostinho e São Sebastião
Santo António e São Domingos














O Pátio das Laranjeiras, acesso ao Mosteiro (museu)
Claustro da Portaria
(clique na imagem pequena para ler o descritivo)

A velha cisterna...
... e o Narcisista, que aparece em todo o lado !!
A Portaria, com o tecto pintado por Vincenzo Baccarelli










Cofre funerário dos Mártires de Marraquexe

Os Claustros.



Centenas de painéis de azulejo por toda a parte. Paredes, corredores, escadas... um dia inteiro, só para apreciar isto. (clique nas imagens para ver o detalhe)
















Capela dos Meninos de Palhavã
Aqui estão D. António (1714-1800) e D. José (1720-1801), para sempre um em frente ao outro. Diz o epitáfio de D. José que foi "filho legitimado do senhor rey D. João V, viveu sempre com o seu irmão, senhor D. António, imitando em tudo as suas relevantes virtudes". Em frente, o medalhão de D. António proclama que "passou toda a carreira da sua vida no exercício das mais heróicas virtudes".



Pedaços da realeza dentro de potes de porcelana (D.José I)
D. Pedro III // Principe Augusto (1835) // D. João V
D. João VI, presumivel envenenado // D. António Prior do Crato // Um ilustre desconhecido


Capela de Santo António











Acesso à Sacristia







Panteão dos Patriarcas



Panteão da Casa de Bragança

"Por privilégio real", o Duque de Saldanha, a Duquesa e o Duque da Terceira.
D. Catarina de Bragança
D. João IV




D. Manuel II

D. Carlos I e D. Luís Filipe






Subida ao telhado, onde as vistas fazem parte da visita...





Igreja de Santa Cruz do Castelo
Panteão de Santa Engrácia
Igrejas do Menino Deus e de Santo Estevão
Convento das Mónicas
Sociedade "A Voz do Operário" e Palácio Teles de Menezes
Não podendo visitar-se o Palácio... espreitam-se os jardins.


Largo das Portas do Sol...
... a ver São Vicente.
O último piso dos claustros... onde se arrumam os azulejos que ninguém conseguiu montar (!)




O relógio da torre.

Um monumento do tamanho de São Vicente é um "bolo" enorme, com espaço de sobra para colocar várias cerejas em cima. 
Neste caso, são três cerejas:

(1) Exposição de painéis de azulejo "Fábulas de La Fontaine":


São 38 painéis de azulejo, em estado irrepreensível.



(2) Espólio arqueológico do Mosteiro de São Vicente:









(3) Exposição de conchas marinhas de Portugal:

Em boa verdade, não tem nada que ver com São Vicente e o seu Mosteiro. Mas estiveram em exposição no local... e são bonitas!







6 comments:

Fernando Ribeiro said...

Excelente reportagem, que me fez "revisitar" este que é, inquestionavelmente, um dos mais importantes monumentos de Lisboa e, quase de certeza, o mais importante monumento maneirista de todo o país. Muito obrigado.

À vista de toda a extraordinária riqueza em azulejaria que em S. Vicente de Fora se vê, atrevo-me a dizer que o verdadeiro museu do azulejo é este convento e não o da Madre de Deus...


Fernando Ribeiro, um tripeiro

P.S. - Curiosamente e ao contrário do que se poderá pensar, também o padroeiro do Porto não é S. João... É Nossa Senhora da Vandoma, uma imagem que, alegadamente, alguns cavaleiros francos terão trazido para o Porto de terras de Vendôme, em França. É a figura principal do escudo da cidade do Porto, que por isso é por vezes chamada "Cidade da Virgem".

Mário Marzagão said...

Caro Fernando Ribeiro, agradeço os seus simpáticos comentários, com pedido de desculpas pelo atraso na publicação.
As suas informações acerca do padroeiro do Porto são também muito interessantes. Muito obrigado.
Volte sempre.

ali said...

nice blogger

jose carlos dourado said...

Parabens pelo seu blog, que desconhecia.Como lisboeta aprecio a minha cidade, no melhor e no pior. Excelentes imagens com um texto perceptivel e de valor historico/didactico relevante, sem cair no lugar comum. Continue o seu bom trabalho. Como lisboeta agradeço.

Mário Marzagão said...

Obrigado pela simpatia, caro José Carlos Dourado. Como por certo se apercebeu, este blogue tenta exprimir pela imagem o prazer que nos dá viver ou conhecer esta bela cidade.
Convido-o a explorar o blogue. Já poderá encontrar aqui cerca de 7000 imagens.

JAVAL said...

Muito agradecido, por esta reportagem e pela totalidade do seu blogue. Um abraço!25 554333

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