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11.3.15

Fava-Rica e outras delícias de Campolide


O termo culinário fava-rica designa a "fava seca, que, depois de cozida, é refogada com azeite, alhos e pimenta" (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa).
É apreciada por muitas pessoas e está na base de sopas deliciosas.   Por isso, as vendedeiras são bem recebidas por quem gosta de fava-rica.   Nesse contexto, "até vir a mulher da fava-rica" significa: "poderemos ter de esperar muito tempo, mas vai valer a pena" (A. Tavares Louro - Ciberdúvidas 26/04/2007)


Campolide é um bairro que não se faz fácil para os "turistas". As ruas que sobem (e descem) estão em larga maioria. O passeio é penoso, mas vale a pena.
O bairro revela a existência de uma quarentena de Vilas e Pátios Alfacinhas, essas preciosidades que nos chegam de outros tempos, quando a individualidade e a auto-estima das micro-urbes eram a tónica dominante dos bairros tradicionais.



Como sempre, a designação "Vila" ou Pátio", parece arbitrária. Como sempre, alguns há de que já ninguém recorda o nome. Mas hão-de vir aqui parar todas.


Vila Açoreana ; Vila Almeida I ; Vila Almeida II ; Vila Alves ; Vila Amarante ; Vila Antónia ; Vila Aurora ; Vila Bela e Teresa ; Vila Borba ; Vila Brasão ; Vila Cabaço ; Pátio Cachaneta ; Vila Cardoso ; Pátio da Celeste ; Vila Chagas ; Vila Custódio ; Vila Elvira ; Vila Emília ; Pátio do Fernandes ; Pátio do Fernandinho ; Vila Ferro ; Pátio do Gaspar ; Pátio do Gonçalves ; Vila Henriques ; Vila Hiffa ; Vila Loureiro ; Vila Machado ; Vila Maia ; Vila Maria ; Pátio Maria Bernardina Carvalho ; Vila Marques ; Pátio do Martins ; Vila Martins I ; Vila Martins II ; Pátio do Mendonça ; Vila Moreira ; Vila Mota (a.k.a. Pátio da Fava-Rica) ; Vila Raúl ; Vila Romão da Silva ; Vila Santos I ; Vila Santos II ; Pátio sem nome I ; Pátio sem nome II ; Pátio do Silva ; Pátio do Sintra ; Pátio das Terras do Fernandinho




Vila Açoreana (@ Rua Dom Carlos Mascarenhas) [23-170]

Famosa pelas suas roseiras, a Vila Açoreana merece segunda visita na Primavera...








Vila Almeida (@ Rua de Campolide) [23-080]

Uma das Aldeias cujo nome só se revelou a muito custo. Nem o "merceeiro da esquina" sabia o seu nome...






Vila Almeida (@ Rua Part. à Rua do Arco do Carvalhão) [23-290]

Outra zona de Campolide, outros ares, outra Vila Almeida. Mesmo juntinha ao Pátio Maria Bernardina de Carvalho.







Vila Alves (@ Travessa das Irmãzinhas dos Pobres) [23-350]





Vila Amarante (@ Rua Part.2 à Calçada da Quintinha) [23-270]

A Vila Amarante, onde já não mora ninguém, fica aqui em memória de tempos que já lá vão.





Vila Borba (@ Rua General Taborda) [23-190]

Na Vila Borba mora gente muito simpática !







Vila Cabaço (@ Rua Part.2 à Calçada da Quintinha) [23-280]

A Vila Cabaço está sempre fechada. E não tem muito para mostrar...



Pátio Cachaneta (@ Alto do Carvalhão) [23-010]

O Pátio Cachaneta tem um nome magnífico (cuja origem se desconhece), uma localização magnífica e uma cor magnífica.
Já teve melhores dias...







Pátio da Celeste (@ Rua do Garcia) [23-150]





Vila Elvira (@ Travessa do Tarujo) [23-370]







Vila Emília (@ Calçada dos Mestres) [23-040]











Pátio do Fernandes (@ Rua do Arco do Carvalhão) [23-120]

O Pátio do Fernandes guarda bem os seus segredos por detrás de uma porta (nova) que está sempre fechada. Lá para dentro, talvez um condomínio fechado, talvez um jardim cheio de flores... um dia se verá.



Pátio do Fernandinho (@ Rua Vítor Bastos) [23-335]

Um pátio tão grande, com tantas casas, ... e apenas uma moradora. Nem sempre bem-disposta, porventura com a razão que lhe assiste por transformarem o "seu" pátio em parque de estacionamento...






Pátio do Gaspar (@ Rua de Campolide) [23-090]

Num pátio tão grande que está administrativamente dividido em "Pátio 1" e "Pátio 2", haverá feitios e vizinhanças para todos os gostos. Em consequência, nem sempre o convívio será ameno dentro desta Aldeia.
"Se fôr para esse lado tenha cuidado com o pitbull que anda por aí à solta..." é o aviso atencioso que lançam ao forasteiro...












Pátio do Gonçalves (@ Rua de Campolide) [23-100]

Mais uma Aldeia com um único morador, prenúncio certo de futuro abandono... "Gosto muito de aqui morar, é muito sossegado", conta Lúcia, a simpática viúva cujo marido acrescentou um andar à moradia, já lá vão mais de 50 anos...








Vila Henriques (@ Rua Part.1 à Calçada da Quintinha) [23-250]

Rua, vila, quarteirão, confundem-se e complementam-se. Por estes sítios há várias assim.









Vila Hiffa (@ Rua General Taborda) [23-200]

A Vila Hiffa morreu. E o prédio que a sustentava morrerá em breve...




Vila Loureiro (@ Calçada dos Mestres) [23-050]








Vila Machado (@ Travessa do Tarujo) [23-360]

Nas profundezas do Tarujo, duas ou três portas, um micro-oásis.





Vila Maia (@ Rua Part.2 à Calçada da Quintinha) [23-260]





Vila Maria (@ Calçada da Quintinha) [23-030]

Metade da imensa Vila Maria é agora um imenso parque de estacionamento. E metade da outra metade está em ruínas...













Pátio Maria Bernardina de Carvalho (@ Rua Part. à Rua do Arco do Carvalhão) [23-300]

O Pátio e a vizinha Vila Almeida são inevitáveis protagonistas do despique bairrista. Neste caso, parece que se trata da "guerra do azulejo". Qual das duas ganha ? Qual é a mais bonita ? Nestas "guerras", são ambas vencedoras...








Vila Marques (@ Rua General Taborda) [23-180]






Pátio Martins (@ Travessa da Rabicha) [23-340]








Vila Martins (@ Rua Conde das Antas) [23-060]







Pátio do Mendonça (@ Rua do Arco do Carvalhão) [23-130]

O Pátio do Mendonça está seguramente defunto. A sua entrada (fechada a cadeado) está a uma altura impossível, e por detrás do prédio onde o pátio se abrigava, agora parece que nada ficou de pé.
Descanse em paz, Sr. Mendonça.



Vila Mota (antigo Pátio da Fava-Rica) (@ Rua Soares dos Reis) [23-330]

Aparentemente, o nome original denotava a profissão de um dos seus moradores. Porventura, o "Senhor Motta" elevou o estatuto do Pátio e aproveitou para lhe mudar o nome...







Vila Raúl (@ Rua Professor Sousa da Câmara) [23-310]







Vila Romão da Silva (@ Rua Professor Sousa da Câmara) [23-320]


Aquela magnífica árvore (verdadeira personalidade deste Pátio) parece que é a razão de todas as discórdias entre os moradores. Quem diria?...






Vila Santos (@ Calçada da Quintinha) [23-020]

Uma grande Vila, que se espalha por várias ruas e discute protagonismo com a sua vizinha, a Vila Maria.








Pátio Sem Nome (@ Rua Dom Carlos de Mascarenhas nº32) [23-160]

Segundo o Alfacinha Sr.Henrique Nabais, que aqui nasceu há 67 anos (na casa nº 2), este espaço era designado por "Vila" e nunca teve outro nome.

O simpático Sr. Nabais remeteu-nos alguns testemunhos com mais de 60 anos de idade, que incluem a presença do jogador de futebol Albano (um dos célebres "5 Violinos"). É pois de inteira justiça dedicarem-se as imagens deste Pátio ao Sr.Henrique Nabais, com votos de muita saúde, por muitos e bons anos.






 O Pátio nos finais dos anos 40 do séc. 20. Henrique, Albano e Leonor.

Neve no Pátio, em 2 de Fevereiro de 1953


Pátio sem nome (@ Rua Dom Carlos de Mascarenhas nº100) [23-175]








Pátio do Silva (@ Rua do Garcia) [23-140]

Um pequeno pátio, um corredor apenas, portão fechado. Ângulo difícil.
Um morador na rua, a ler o jornal. Insiste em abrir o portão, "para se ver melhor"...
Obrigado !!



14 comments:

Anonymous said...

Adorei. Parabéns pelo belo trabalho. Vivo em Campolide à 49 anos e não fazia ideia que ainda existiam tantas vilas...

henrique nabais said...

Caro Sr. Mário, desejo apresentar os meus parabéns pelo seu trabalho. Por curiosidade eu nasci há 67 anos na casa nº2 do Pátio 32 da Rua D. Carlos de Mascarenhas. Desde os meus 17/18 anos que nunca mais ali voltei. Foi-me muito grato verificar que as casas ainda se encontram de pé e que se têm mantido recuperadas. Bem-haja pela partilha!!

Anonymous said...

Mário,
Os teus documentários fotográficos são fantásticos. Dá-nos vontade de pôr pés a caminho e explorar esses cantinhos escondidos. Parabéns por todos os teus Magníficos Trabalhos!
Gabriela Bentes

Mário Marzagão said...

Caro Henrique Nabais, obrigado pelas simpáticas palavras e obrigado pelo seu testemunho na primeira pessoa.
As casas do Pátio estão todas muito bem recuperadas e muito bonitas. Parabéns por estar ligado a este local tão aprazível.
Gostava de ter o seu contributo relativamente às seguintes questões:
(1) o Pátio era fechado ? tinha outras casas em frente às que ainda lá estão, ou já existia o prédio grande ?
(2) "Pátio 32" é o seu nome adequado ? Se me confirmar, alterarei a sua designação no blogue.
Muito obrigado. Volte sempre.

Mário Marzagão said...

Cara Gaby, muito obrigado pelos amáveis elogios. Quando quiseres "pôr pés a caminho", Lisboa tem muito para desvendar. E já tens o meu convite há muito tempo...

Mário Marzagão said...

Caro "Anónimo de Campolide há 49 anos":
Muito obrigado. Pois é, Campolide "faz-se difícil" e certamente há ainda mais Pátios e Vilas que me escaparam.
Antecipadamente grato por qualquer informação relativamente a outros Pátios/Vilas de Campolide, ou qualquer esclarecimento relativamente ao que aqui se apresenta (por exemplo, o nome do Pátio na Rua de Campolide).

henrique nabais said...

Amigo Sr.Mário, grato pelas suas amáveis palavras. Quanto às questões que me coloca favor notar como segue:
1) O pátio (nós chamavamos Vila) não tinha outras casas em frente às que lá estão e que eram as únicas que existiam no passado.O prédio grande já existia na altura.
2) Como acima mencionei nós todos à época chamavamos Vila e não Pátio. Nome nunca teve, era sómente o 32 da rua D.Carlos de Mascarenhas. Ao dispor e abraço!

Mário Marzagão said...

Alterada a descrição do Pátio da Rua D. Carlos de Mascarenhas nº 32, que assim fica dedicado ao Alfacinha Sr. Henrique Nabais.

henrique nabais said...

Sr. Mário, bem-haja pela atenção que teve para com a minha pessoa. Um valor em "vias de extinção" nos tempos que correm!! Abraço.

Anonymous said...

Boa Noite Sr. Mário.
Sou morador já há 30 anos numa das vilas que expõem nas fotos deste Blog.
Quero enaltecer o dar a conhecer à população de Campolide, e não só, as históricas vilas do Bairro.
Gostava no entanto de alertar (no sentido pedagógico) que algumas se tratam de propriedades privadas e como tal carecem de permissão dos proprietários/moradores para que possam ser "visitadas".
Quero reforçar que admiro o seu trabalho ao mostrar o que de histórico ainda resiste nos Bairros, permitindo quem não é morador de uma Vila ou Pátio ver como são hoje em dia. E a nós moradores, encher-nos de orgulho por ver o interesse demonstrado.

Melhores Cumprimentos

Mário Marzagão said...

Estimado Anonymous, muito obrigado pelas suas simpáticas palavras e pelos relevantes comentários que são totalmente pertinentes.
Na minha actual colecção de Vilas e Pátios, tenho cerca de 70 que ainda não publiquei por falta de tempo. Alguns são de Campolide e irão por certo enriquecer este post.
Já tenho por isso mais de 150 Vilas e Pátios documentados (dos cerca de 500 que conheço). Em todos eles, só entrei se a entrada era franca ou a porta estava aberta. Sempre que encontrei um morador, pedi-lhe autorização para captar umas imagens (e, ainda que raramente, já ma negaram). Muitas vezes, esses encontros terminaram em agradável conversa com os simpáticos moradores, que chegam a ir-me mostrar detalhes mais escondidos.
Como naturalmente se percebe, não seria adequado tocar a uma campaínha (ou a todas) incomodando quem estivesse, para questionar a privacidade do pátio ou a autorização de fotografar (estando a porta do mesmo franqueada).
As Vilas e os Pátios Alfacinhas são uma parte muito interessante e muito bonita da nossa cidade e, dentro dos limites do razoável, penso continuar a fotografá-los sem violar a privacidade de quem neles habita. Não mais do que quando fotografo uma moradora de Alfama debruçada na sua janela ou roupa a secar num estendal da Madragoa.
Melhores cumprimentos. Volte sempre.
Mário Marzagão

Anonymous said...

Caro Mário,

Creio ter sido mal interpretado nas minhas palavras.
Não condeno de todo o trabalho que fez ao fotografar as nossas Vilas e Pátios. Não quis de maneira alguma pôr em causa a sua invasão de privacidade dos moradores. Apenas quis salientar para os demais, que ao verem o à-vontade com que se passeia pelas Vilas e Pátios com um propósito válido, não deverá ser extensível a qualquer pessoa que queira apenas conhecer ou ir ver. Conheço bastantes vilas em Lisboa, e muitas são como que uma continuação das próprias ruas, algumas nem fechadas são. Mas outras há, que embora tenham uma entrada destrancada não significa por isso que são públicas ou passiveis de passeio por qualquer turista ou curioso.
Perante isto, a minha intervenção apenas teve o propósito de alcançar os seguidores do seu Blog para usarem de bom senso sempre que a curiosidade os mova a quererem entrar numa Vila ou Pátio.

Estou ao seu dispor para qualquer informação adicional que necessite sobre a minha Vila. Se for o caso informá-lo-ei fora do Blog qual é.

Melhores Cumprimentos

Mário Marzagão said...

Estimado Anonymous, muito obrigado pelo seu esclarecimento.
As suas palavras conjugam-se com as minhas, ao encontro de um ponto de vista comum: devem entender-se as Vilas e Pátios de Lisboa como áreas exteriores que são extensão das casas dos seus moradores, e como tal devem ser respeitadas.

Terei todo o gosto em receber o seu contacto e saber qual a sua Vila. Porventura terá preciosa informação adicional que gostarei de receber. Encontra o meu email na coluna esquerda do blogue (na rúbrica "Eu").

Cumprimentos,
Mário

MCA said...

Extraordinário! Moro permanentemente na D. Carlos Mascarenhas há 7 anos (e intermitentemente há quase 18) e não me tinha apercebido da existência de tantas vilas; embora "desconfiasse" da existência de muitas delas.

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ESPERO QUE ESTEJAM A GOSTAR !!