O pequeno Pátio da Pascácia é um dos pátios mais conhecidos de Lisboa, com uma origem longínqua e indefinida. Do palacete original do séc. 17, pouco se sabe. Quanto à Pascácia, no Bairro do Castelo apenas se recordam que era uma parteira famosa de outros tempos.
Mas todos se lembram muito bem do outro nome do pátio: Pátio da Sociedade. E lembram-se da permanente actividade que o animava: arraiais dos Santos Populares, Serões de Fado onde mais de uma vez apareceu Kruz Abecassis (à época Presidente da Câmara), jantaradas, reuniões do Clube. Tudo isso organizado pelo Grupo Excursionista do Castelo, que ocupava o 1º andar do Palacete da Pascácia.
O Pátio da Pascácia no "tempo da outra Senhora":
Um dia, apareceu por lá o senhorio (isto é, um funcionário da Câmara Municipal de Lisboa). "Vamos ter de libertar tudo isto temporariamente, o prédio vai para obras". Realojaram-se os inquilinos, moveu-se todo o património do Clube para um armazém (apenas ficou o cofre embutido) e fechou-se a porta do Pátio. "Isto vai ser rápido", disseram. "É coisa para seis meses".
Já lá vão 16 anos.
Entretanto, sol, vento e chuva foram-se encarregando de degradar o que "ia para obras". Os antigos inquilinos foram refazendo a sua vida. E o Grupo Excursionista do Castelo, sem instalações, viu o património armazenado degradar-se e o número de associados diminuir de mais de cem para um punhado deles. Morreram uns, desinteressaram-se outros, filiaram-se nenhuns.
O Sr. António Ferreira Gaspar, o "António Bombeiro" por força da sua antiga profissão, era na altura e é ainda hoje o dedicado Presidente do Grupo Excursionista do Castelo, apesar dos seus orgulhosos 86 anos. Com uma simpatia inexcedível, o Sr. António deu-se ao trabalho de sair de sua casa para vir abrir o portão do pátio e contar a sua história.
Era a entrada para o Grupo Excursionista do Castelo
Era o Pátio da Pascácia / Pátio da Sociedade.
O Sr. "António Bombeiro" no seu Pátio.
É bem provável que o mal já não tenha remissão. Que o Pátio da Pascácia nunca mais volte a sê-lo. Que o Pátio da Sociedade nunca mais tenha Serões de Fado. Mas a memória das boas gentes do Castelo encarregar-se-á de impedir que tudo caia no esquecimento.
Ainda assim, "enquanto há vida há esperança". Num documento bem recente (2009) ainda se declara que "o Palacete/Pátio da Pascácia terá salas multiusos para os fins recreativos e culturais do Grupo Excursionista do Castelo, bem como um restaurante e uma esplanada".
E que bem ficaria...
2 comments:
E, se nós que amamos Lisboa, pusessemos mão há obra e tentassemos reabilitar o Pátio da Pascácia!
Cara Anabela, se passar por lá e perguntar pelo Sr. António Bombeiro (que mora a 50m de distância) todos saberão indicar-lhe quem é. A partir daí, basta dar rumo à sua iniciativa. Bem haja.
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